Classe Pobre Alta

domingo, 28 de dezembro de 2008

O almoço de Natal

Gosto do Natal, confesso! Não pelos presentes, visto que ganho uma quantidade exagerada de cuecas que demorarei anos para conseguir utilizar. Menos pela simbologia ou pelo aniversário de Jesus, já que não acredito nele. O que mais me agrada no Natal é o almoço.

No almoço tudo se transforma. O pernil pela metade, o peru sem as coxas e o pavê da tia que ninguém desejou levar parecem tomar vida e sabores e cores que fazem o almoço tornar-se mais gostoso que a própria ceia.

Na casa de minha mãe, o pernil leva cebola, pimentão, azeitonas e molho de tomate. Mistura que guardo carinhosamente em minha geladeira para comer com pãozinho francês fresquinho durante toda semana.

Após desfiado, o peru vira uma deliciosa salada. Misturado à folhas de alface, passas, tomates cereja e lascas de palmito ficam uma delícia. E vai um segredo – modesto, mas meu – tempere com um pouco de iogurte natural, sal, pimenta do reino e gotinhas de limão.

Já as frutas, melhores não existem. No almoço elas acompanham sorvete de creme delicioso ou viram saladas que de leve nada têm, pois guardam em si todas as gostosuras possíveis, muito açúcar ou leite condensado.

Após o almoço, resta aproveitar o período de trégua entre a balança e minha consciência, pois seu fim tem os dias contados: 01 de Janeiro. 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

No ônibus

Uma das coisas que mais me irritam no ônibus logo pela manhã é ver velhinhos viajando em pé, porque os assentos reservados foram tomados por gente jovem, saudável e sem-noção. Esse povo tem que perceber que o idoso merece ficar sentado não apenas por causa da idade, mas porque já não tem tanto equilíbrio e pode se ferir gravemente em uma freada brusca. 
Também me irritam os imbecis que fazem a gentileza de compartilhar seu mau gosto musical com todos, ouvindo funk carioca, pagode e porcarias assemelhadas no último volume do celular. Usem fones, seus #$%!
E tem também a moça acima do peso que fica estacionada no meio do caminho xavecando o motorista ou o cobrador e atrapalhando a passagem. 
Há a turma das diaristas animadas, sempre falando e rindo alto. Elas também são responsáveis pela organização das festinhas de aniversário dos "colegas de busão", com direito a bolo e refrigerante às 8 da manhã. Os passageiros colaboram repassando pratinhos e copos de dolly cola ao cobrador e ao motorista.  Um dia um pedaço de bolo cai em cima de mim. Mas não me incomoda não, acho até divertido.
Quando se tem a sorte de estar confortavelmente sentado, é de bom tom oferecer-se para segurar bolsa/sacola/mochila/pasta do desafortunado que está em pé bem ao seu lado. Já é ruim ficar de pé, pior ainda aguentar o peso de suas tralhas por todo o caminho. 
O bom senso diz que se o gentil que estava segurando seus cacarecos sair, o lugar é seu.  Mas é bom estar atento e sentar logo. Eu já perdi lugar pra um mal-educado-bunda-rápida, que obviamente nem se ofereceu pra segurar minha bolsa e minha pasta. Sobrei com cara de * e fiz questão de apoiar minha pesada pasta no ombro do fdp. 
E quando aquele ser vestindo camiseta regata, blusinha frente única ou de qualquer outra peça de roupa que expõe axilas e costas suadas, ameaça me encostar? Dá um medo gigante de pegar micose. 
É tanta falta de noção que dá vontade de escrever um guia das boas maneiras no transporte coletivo, desses pra se vender no ônibus mesmo. Quem sabe, um dia. 

Pra começar.

Segundo a Wired, os blogs são coisa do passado. Mas ainda são bons lugares para comentar pequenos acontecimentos cotidianos em mais de 140 caracteres. É o que pretendo fazer por aqui, quando tiver tempo livre, paciência e um mínimo de inspiração.